terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ultimo sermão

            Ele estava furioso, há anos não via sua mãe chorar, “eu mato ele”, disse antes de sair de casa. Sua mãe ainda fez que iria segurá-lo, mas desistiu. Por um segundo ela se permitiu pensar: “Pega ele.” E foi como se ele tivesse ouvido.
            Ele era jovem, forte, estava com raiva. Abriu a porta como se fosse o senhor da casa: “Você nos traiu”. Ele disse engolindo a magoa. O velho o olhou, pouca coisa pode se falar com um homem nesse estado, mesmo que ele seja seu filho.
            Ele correu em direção ao velho, levou um soco na boca, sentiu o sangue entre os dentes, o velho tinha que ser forte, tinha que haver sangue, ele sempre foi seu exemplo,  sempre deu força ao homem que se punha tão ferozmente contra ele. Dessa vez não foi diferente, o velho lhe deu força, e ele quase o matou.
            Os dois, cansados, se encostaram ao chão, o velho seriamente machucado. “Por quê?” ele perguntou ao velho. “Porque eu sou um homem, meu filho, como você”.

Um comentário:

  1. Muito bons os seus textos do "Batendo a prosa", meu caro!

    Parabéns! Estou seguindo o blog agora!

    Tenho um estilo diferente do teu, se quiser conhecer, visita a Usina de Contos: www.usinadecontos.blogspot.com

    Um abraço

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