I
Na
ausência de tambores, eu bebo.
Na
ausência de tambores, eu grito.
E a
loucura se instaura,
espalhando-me
pela cidade, aflito.
Onde
estão os homens abraçados?
Onde as
canções, onde os fuzis?
Onde a
fogueira para eu fumar paz ao seu lado,
enquanto
olhamos crianças do devir.
Nada
disso, ainda o terno e a gravata,
ainda a
dor, ainda tudo de novo. E somos fracos.
E nos
cobramos multidões, beleza e o preço das coisas.
Que as
coisas tem preço, e também nós.
II
Mãe
dizia: Tomás, não voe. Se tentar acabará morrendo.
E a
janela grande, enorme, imensa, o mundo lá fora e a morte.
A morte,
então, o que era? Algo para não se fazer: “Não se morra, meu
filho,
nunca”.
Se
tivesse voado, se tivesse tentado, eu seria o vento já que morto.
E eu
voaria, mãe, eu voaria... Você errou.
III
Pai
significa moléstia. Um pedaço de suicídio no meio da vida de um
menino. Possibilidade alta de infecção: “Filho de peixe...” blá
blá blá. Fazer isso com um menino! Pai não é ausência, é
presença negativa constante. Um fantasma pesado, duro, concreto,
como os pesadelos mesmo.