sábado, 23 de outubro de 2010

“ O canto do galo canta em nós”

               Eu estava despreparado. Sem munição, sem atenção, ela me deixou fraco. Perdi a conta das noites de amor, sem preocupações, quando ela calou o galo em mim, e eu pude descansar.
                A minha bota, estava empoeirada, minha arma enferrujava esquecida. Eu tirava o chapéu para entrar.
                O vento, então, entrou pela janela. O vento da noite, agourento e terrível, como um bando de ladrões famintos, como o azar. A paz não sobrevive à falta de dinheiro, o homem parado morre por dentro e deixa a morte o levar longe demais.
                Eu acordei quando você saiu. Quando o vento te levou e eu percebi que tinha deixado a janela aberta. Tinha barba crescendo no relógio sem pilha. Chega. Já era tempo de esticar as pernas.
                Depois de anos em casa, perdendo o homem que construí, era hora de encontrar meu verdadeiro amor, tão longe de ti. Os Andes curam a ressaca que você me deixou.