segunda-feira, 7 de maio de 2012

Possibilidades perdidas



I
Na ausência de tambores, eu bebo.
Na ausência de tambores, eu grito.
E a loucura se instaura,
espalhando-me pela cidade, aflito.

Onde estão os homens abraçados?
Onde as canções, onde os fuzis?
Onde a fogueira para eu fumar paz ao seu lado,
enquanto olhamos crianças do devir.

Nada disso, ainda o terno e a gravata,
ainda a dor, ainda tudo de novo. E somos fracos.
E nos cobramos multidões, beleza e o preço das coisas.
Que as coisas tem preço, e também nós.

II
Mãe dizia: Tomás, não voe. Se tentar acabará morrendo.
E a janela grande, enorme, imensa, o mundo lá fora e a morte.
A morte, então, o que era? Algo para não se fazer: “Não se morra, meu filho,
nunca”.
Se tivesse voado, se tivesse tentado, eu seria o vento já que morto.
E eu voaria, mãe, eu voaria... Você errou.

III
Pai significa moléstia. Um pedaço de suicídio no meio da vida de um menino. Possibilidade alta de infecção: “Filho de peixe...” blá blá blá. Fazer isso com um menino! Pai não é ausência, é presença negativa constante. Um fantasma pesado, duro, concreto, como os pesadelos mesmo.

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